Rascunho2, Fênix, 1999.
A atuação do invisível no visível
Trinta raios convergentes no centro
Tem uma roda,
Mas somente os vácuos entre os raios
È que facultam seu movimento.
O oleiro faz um vaso, manipulando argila,
Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade.
Paredes são massas com portas e janelas,
Mas somente o vácuo entre as massas
Lhes dá utilidade -
Assim são as coisas físicas,
Que parecem ser o principal,
Mas o seu valor está no metafísico.
O Equilíbrio da vida
O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demasia estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isso, o sábio em sua alma
Determina a medida para cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.
TAO TE KING, Lao Tsé ( Círculo do Livro- Trad. Humberto Rohden)
2 comentários:
Muito belo e profundos textos.Beijos
O Taoismo tem fundamentos muito provocantes: o invisível se manifestar por meio do visível é mesmo demais. Imaginar o inverso das coisas, não é? Pra gente é tão mais fácil pensar no eixo e nos raios que são visíveis, não no encaixe das rodas. Entretanto, nada funciona sem nenhuma das partes ou sem o encaixe ( o centro vazio).
Ainda estou lendo mais alguns livros para poder falar do novo tema
( Budismo e Xintoísmo / Japão). O Taoismo tem fortes influências na cultura japonesa. Que bom.
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