Não consigo me diluir junto à mobília -
Invisível -,
Ser acessório ou, simplesmente, a milha
Que alguém já percorreu.
Nunca fui obra de Arte.
Sequer sou kitsch que se descarte:
Meu espírito não é Seu,
Não tombou de joelhos
Como no desespero de quem Se esqueceu.
E se adorno como "artifício",
Só se for por meu vício,
Não por enxerto a serviço
Do orgulho de outrem -
Ávido por eterna refém...
( ...inconstantes caprichos! )
E, mesmo pó,
Hei de seguir sem dó de mim mesma.
Cumprir a promessa de adeus:
Tornar sentimentos em sedimentos - rocha -,
Esculpir-me no reencontro seguro do EU.
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4 comentários:
Que lindo! um dominio perfeito do assunto, maestria em poetar.
Bom domingo.
Belos e intensos seu versos, beijos.
Fênix,
Um poema belíssimo sobre a obstinação do eu, a vontade férrea,a procura, a afirmação...
Que bom que veio, silviah!
Arnoldo, agradeço o seu carinho...
E.A., adorei que tenha vindo me visitar. Os comentários me ajudam a refletir e portanto, lembrar que sou humana ainda...
A mulher (ou o homem) Não é o Outro -, amar é ter consciência de si e amores vampiros são destruidores da auto-estima. Vejo amigos e amigas abrindo mão do que são para agradar alguém ou, gente deixando de ser feliz porque os seus amores não seriam aprovados "socialmente" ( ou porque a mulher é mais "velha", ou porque a pessoa é "homossexual" e precisa assumir sem ter coragem de fazê-lo, etc )...
Observo mulheres buscando perseguir uma estética pré-fabricada com a intensão de conquistar, como o objeto conquista o seu comprador. Às vezes, olho e parece que saem de uma linha de montagem, em série, todas iguais. Não condeno, mas tenho o direito de não ser assim e de não me exigirem que seja. Recuso-me a ser outro "acessório", descartável a medida que envelhece, adoece e se fragiliza...
BEijos!
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